8a. PRIMAVERA DOS MUSEUS - MUSEUS CRIATIVOS
Dez violinos marinhos e uma guitarra de sal, livro da poeta Sandra Fonseca, é um dos grandes
destaques da
programação cultural do Museu Nacional da Poesia
Acompanhando
a primavera de gala que promete mais uma vez florir o mês de setembro, o Museu
Nacional da Poesia (MUNAP) promove uma agenda cultural e poética diversificada.
No próximo dia 21, de 10h às 12h, no Parque Municipal (Praça dos Fundadores), o
sarau “Sementes de Poesia” se apresenta em mais uma edição festiva. Microfone
aberto, mesa de livros e espaço para criação estarão disponíveis para o público
poetizar à vontade. O presente evento conta com a curadoria de Regina Mello. Um
dos momentos mais aguardados do sarau fica por conta do pré-lançamento do livro
de poesia “Dez violinos marinhos e uma guitarra de sal”, de Sandra Fonseca.
Ainda no dia 21/09, acontecerá a abertura da exposição “Fluidas”, de Clecimar
Andrade, que ficará em cena na Galeria da Árvore, até o dia 18/10. Ainda na
agenda movimentada de eventos, o MUNAP em parceria com a Academia Mineira de
Letras, homenageará o poeta e crítico mexicano Octavio Paz, com apresentações
de Olga Valeska, Regina Mello, Angela Vieira Campos e Sandra Fonseca. A
iniciativa cultural em questão está marcada para o próximo dia 25, entre 19h e
21h, na Academia Mineira de Letras (AML). Por sua vez, no dia 27/9, entre 10 às
13h, será a vez da oficina de fotografia “Esculpindo o olhar: novas formas de
ver o mundo”, orientada por Regina Mello, as inscrições disponíveis durante os
eventos que antecedem a oficina.
Editorialmente,
o MUNAP lança mais um produto com a qualidade literária de costume. Trata-se da
mencionada obra poética “Dez violinos marinhos e uma guitarra de sal”, de
Sandra Fonseca. Além do pré-lançamento do livro informado anteriormente, haverá
um lançamento especial dedicado a ele. Será na Academia Mineira de Letras, no
horário de 19:00 às 21:00. A obra conta com o trabalho editorial cuidadoso de
Regina Melo, além do competente poder de síntese e de análise expressos por
Fred Maia e Marcos Fabrício, na orelha e no prefácio do livro, respectivamente.
Nascida
em 1961, na cidade de Montes Claros – MG, a poeta Sandra Fonseca é psicóloga,
graduada pela FUMEC, com formação acadêmica versátil, contemplando também a
área de Letras, pela UFMG. O livro da escritora mineira se destaca pelo
trabalho de linguagem desenvolvido com primor e esmero, trazendo à baila um
riquíssimo prisma metalinguístico, cuja expressão poética se espalha na densidade
territorial que abarca a condição humana e o desafio do autoconhecimento. A
respeito, Fred Maia comenta com propriedade: “‘Dez violinos marinhos e uma
guitarra de sal’ me atualiza em um tempo próprio da poesia e me remete a outros
tempos, os da música no vento, os sons dos sentidos que nos orientam em sigilo
e nos apontam os caminhos: os que nos levam a nós mesmos, onde nos fazemos
sentir”. Sobre a musicalidade presente no livro, Marcos Fabrício destaca a
habilidade inventiva da autora: “a poesia de Sandra Fonseca promove um concerto
surpreendente de combinações instrumentais e sonoras inusitadas. ‘Dez violinos
marinhos e uma guitarra de sal’ é, ao mesmo tempo, livro e partitura. Notas
literárias livres ajudam a compor um fazer poético arrojado. Impressiona o
despojamento da poeta ao lançar luz própria sobre os embalos e abalos presentes
na vida vivida e na vida pensada”.
Com
o livro de Sandra Fonseca, o público terá a oportunidade de acompanhar a
delicadeza com empenho visceral experimentados pela autora, ao promover versos
inteligentes que dão corda à ousadia imaginativa. Trata-se de uma obra
performática, marcada por transfigurações expressivas dinâmicas. A pluralidade
do existir encontra sua balada sinfônica no
versejar criativo da poeta mineira.
A SOLIDÃO E A LUA
Sandra
Fonseca
“A solidão é uma orquestra
surda/Que a alma devaneia triste e absurda/Tangendo em mim sinfonia de
ventos/Desejos sem fim, frases, pensamentos/Procuro além e a vista não
alcança/E só nas letras encontro a emoção/Já não há paz, resposta,
esperança/Nas flores da ilusão que o verso
lança/E na ânsia de viver eu bebo a lua/Em sua palidez quando está
nua/Acolhe-me como nunca alguém o fez/Enquanto escrevo afino essa
magia/Clarão de luz, em sua nostalgia/A lua risca no céu sua altivez”.
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BOCA A BOCA
Sandra
Fonseca
“Palavra/Enquanto escorre/Suor e seiva/Deita
aromas/Fagulhas, sedas/Além do nome/Compõe/Um corpo/Palavra assanha/Revira o
olho/Acende a lenha/Gesto passional/Na rigidez do verso/Languidez de
ventre/Frutos e fomes/Lavra o caminho/Palavra senda/Abrindo músculos/Tecendo
letras/Febril/Atenta, de cor/O canto profano/Adorna a boca/No boca a
boca/Palavra fala/Se estende ao corpo/E se demora/Se estende/larga/Enquanto
morre/Nas omoplatas/E na garganta/Palavra arranca/Estaca fere/O corpo
adentro/
A alma
afora”.
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