19 setembro 2014

8a. PRIMAVERA DOS MUSEUS - Museus criativos




8a. PRIMAVERA DOS MUSEUS - MUSEUS CRIATIVOS

Munap e AML promovem várias atrações culturais e lançamento de livro 

Dez violinos marinhos e uma guitarra de sal, livro da poeta Sandra Fonseca, é um dos grandes destaques da programação cultural do Museu Nacional da Poesia

Acompanhando a primavera de gala que promete mais uma vez florir o mês de setembro, o Museu Nacional da Poesia (MUNAP) promove uma agenda cultural e poética diversificada. No próximo dia 21, de 10h às 12h, no Parque Municipal (Praça dos Fundadores), o sarau “Sementes de Poesia” se apresenta em mais uma edição festiva. Microfone aberto, mesa de livros e espaço para criação estarão disponíveis para o público poetizar à vontade. O presente evento conta com a curadoria de Regina Mello. Um dos momentos mais aguardados do sarau fica por conta do pré-lançamento do livro de poesia “Dez violinos marinhos e uma guitarra de sal”, de Sandra Fonseca. Ainda no dia 21/09, acontecerá a abertura da exposição “Fluidas”, de Clecimar Andrade, que ficará em cena na Galeria da Árvore, até o dia 18/10. Ainda na agenda movimentada de eventos, o MUNAP em parceria com a Academia Mineira de Letras, homenageará o poeta e crítico mexicano Octavio Paz, com apresentações de Olga Valeska, Regina Mello, Angela Vieira Campos e Sandra Fonseca. A iniciativa cultural em questão está marcada para o próximo dia 25, entre 19h e 21h, na Academia Mineira de Letras (AML). Por sua vez, no dia 27/9, entre 10 às 13h, será a vez da oficina de fotografia “Esculpindo o olhar: novas formas de ver o mundo”, orientada por Regina Mello, as inscrições disponíveis durante os eventos que antecedem a oficina. 

Editorialmente, o MUNAP lança mais um produto com a qualidade literária de costume. Trata-se da mencionada obra poética “Dez violinos marinhos e uma guitarra de sal”, de Sandra Fonseca. Além do pré-lançamento do livro informado anteriormente, haverá um lançamento especial dedicado a ele. Será na Academia Mineira de Letras, no horário de 19:00 às 21:00. A obra conta com o trabalho editorial cuidadoso de Regina Melo, além do competente poder de síntese e de análise expressos por Fred Maia e Marcos Fabrício, na orelha e no prefácio do livro, respectivamente. 

Nascida em 1961, na cidade de Montes Claros – MG, a poeta Sandra Fonseca é psicóloga, graduada pela FUMEC, com formação acadêmica versátil, contemplando também a área de Letras, pela UFMG. O livro da escritora mineira se destaca pelo trabalho de linguagem desenvolvido com primor e esmero, trazendo à baila um riquíssimo prisma metalinguístico, cuja expressão poética se espalha na densidade territorial que abarca a condição humana e o desafio do autoconhecimento. A respeito, Fred Maia comenta com propriedade: “‘Dez violinos marinhos e uma guitarra de sal’ me atualiza em um tempo próprio da poesia e me remete a outros tempos, os da música no vento, os sons dos sentidos que nos orientam em sigilo e nos apontam os caminhos: os que nos levam a nós mesmos, onde nos fazemos sentir”. Sobre a musicalidade presente no livro, Marcos Fabrício destaca a habilidade inventiva da autora: “a poesia de Sandra Fonseca promove um concerto surpreendente de combinações instrumentais e sonoras inusitadas. ‘Dez violinos marinhos e uma guitarra de sal’ é, ao mesmo tempo, livro e partitura. Notas literárias livres ajudam a compor um fazer poético arrojado. Impressiona o despojamento da poeta ao lançar luz própria sobre os embalos e abalos presentes na vida vivida e na vida pensada”.   

Com o livro de Sandra Fonseca, o público terá a oportunidade de acompanhar a delicadeza com empenho visceral experimentados pela autora, ao promover versos inteligentes que dão corda à ousadia imaginativa. Trata-se de uma obra performática, marcada por transfigurações expressivas dinâmicas. A pluralidade do existir encontra sua balada sinfônica no versejar criativo da poeta mineira.

A SOLIDÃO E A LUA
Sandra Fonseca

A solidão é uma orquestra surda/Que a alma devaneia triste e absurda/Tangendo em mim sinfonia de ventos/Desejos sem fim, frases, pensamentos/Procuro além e a vista não alcança/E só nas letras encontro a emoção/Já não há paz, resposta, esperança/Nas flores da ilusão que o verso  lança/E na ânsia de viver eu bebo a lua/Em sua palidez quando está nua/Acolhe-me como nunca alguém o fez/Enquanto escrevo afino essa magia/Clarão de luz, em sua nostalgia/A lua risca no céu sua altivez”.

BOCA A BOCA
Sandra Fonseca

Palavra/Enquanto escorre/Suor e seiva/Deita aromas/Fagulhas, sedas/Além do nome/Compõe/Um corpo/Palavra assanha/Revira o olho/Acende a lenha/Gesto passional/Na rigidez do verso/Languidez de ventre/Frutos e fomes/Lavra o caminho/Palavra senda/Abrindo músculos/Tecendo letras/Febril/Atenta, de cor/O canto profano/Adorna a boca/No boca a boca/Palavra fala/Se estende ao corpo/E se demora/Se estende/larga/Enquanto morre/Nas omoplatas/E na garganta/Palavra arranca/Estaca fere/O corpo adentro/
A alma afora”.
                                


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